quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Discípula de Platão


Fico aqui, imaginando, como seríamos, nós dois, conversando sobre os filmes, peças, acordes, viagens, besteiras feitas, das pequenas coisas, rindo como crianças das belas sutilezas da vida.Você me ensinando tudo que eu ainda não sei, com a sua sabedoria de quem está no mundo há mais tempo.

Por que nós dois somos tão parecidos? Eu vejo em você coisas minhas. Isso só complica tudo. Eu complico muita coisa. Eu permito que os meus fantasmas compliquem tudo. Eu queria conhecer você melhor, me decepcionar se fosse preciso, mas não deixar esse afã morrer, esse ímpeto emocional que me prende a você. Foda-se os outros, a diferença de idade, de condição social, a distância que nos separa, a etnia, tudo, tudo. Tenho a impressão de que se eu não tentar, uma parte de mim é que morre.


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Às vezes, tenho a impressão que a verdadeira liberdade não existe. Sempre precisamos nos apegar a algo para nos sentirmos plenos. Faço uma modalidade diferenciada de teatro, mais voltado para exploração das inquietações internas e provavelmente terei que parar por limitações financeiras e já sinto falta. Era tudo o que eu precisava quando eu iniciei. Apeguei-me demais. Lá eu cresci e sofri catarses que eu nunca tinha me permitido experimentar antes. Vai ser difícil sair. 

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Eu quero gritar ao mundo tudo o que eu sinto, a explosão que silencia aqui dentro, a evolução a passos largos, o universo interior que dança na chuva. Mas é melhor deixar quieto.