quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Discípula de Platão


Fico aqui, imaginando, como seríamos, nós dois, conversando sobre os filmes, peças, acordes, viagens, besteiras feitas, das pequenas coisas, rindo como crianças das belas sutilezas da vida.Você me ensinando tudo que eu ainda não sei, com a sua sabedoria de quem está no mundo há mais tempo.

Por que nós dois somos tão parecidos? Eu vejo em você coisas minhas. Isso só complica tudo. Eu complico muita coisa. Eu permito que os meus fantasmas compliquem tudo. Eu queria conhecer você melhor, me decepcionar se fosse preciso, mas não deixar esse afã morrer, esse ímpeto emocional que me prende a você. Foda-se os outros, a diferença de idade, de condição social, a distância que nos separa, a etnia, tudo, tudo. Tenho a impressão de que se eu não tentar, uma parte de mim é que morre.


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Às vezes, tenho a impressão que a verdadeira liberdade não existe. Sempre precisamos nos apegar a algo para nos sentirmos plenos. Faço uma modalidade diferenciada de teatro, mais voltado para exploração das inquietações internas e provavelmente terei que parar por limitações financeiras e já sinto falta. Era tudo o que eu precisava quando eu iniciei. Apeguei-me demais. Lá eu cresci e sofri catarses que eu nunca tinha me permitido experimentar antes. Vai ser difícil sair. 

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Eu quero gritar ao mundo tudo o que eu sinto, a explosão que silencia aqui dentro, a evolução a passos largos, o universo interior que dança na chuva. Mas é melhor deixar quieto.

domingo, 16 de junho de 2013

Protesto

Já estava mais do que na hora, eu como estudante universitária da rede pública de ensino, levantar a bandeira contra a demagogia e o cinismo dos nossos governantes. Cansada de morar perto da faculdade e pegar engarrafamento que já chegou a três horas, de levar minha mãe várias vezes para UPA e esperar o dia inteiro na fila, de ver minhas minguadas economias mensais irem pelo ralo em função do uso de transporte público de péssima qualidade, fora várias outras mazelas que todo mundo ta cansado de saber.
O que era para ser um protesto pacífico, e realmente foi por parte dos manifestantes, se tornou uma barbárie contra nós, representantes genuínos da voz do povo, que reclama da fila dos hospitais, do preço do tomate e da cebola no supermercado, do transporte público capenga e lotado. Policiais que mais pareciam robôs, de semblantes frios e inexpressivos, jogavam pelos ares bombas de efeito moral e moviam seus cacetetes a esmo, não se importando a quem iam atingir. Pude presenciar crianças saindo da Quinta da Boa Vista, junto a seus pais, chorando e tossindo em função dos gás lacrimogênio que impregnava todo canto. Dos cinco manifestantes que foram enquadrados pela polícia, pude ver dois sendo levados. Quando cheguei em casa, fiquei abismada de saber que várias pessoas tinham sido encurraladas na Quinta pelas forças policiais e que as câmeras da CET-Rio que monitoravam a área da manifestação tinham sido desligadas. Realmente é uma conspiração institucionalizada. Esse panorama me reportou ao filme V de vingança: uma sociedade acudada, engendrada em mecanismos proibitórios sufocantes, sem o real direito de expressão!
Isso tudo só me deu mais vontade de sair na rua e exigir nossos direitos! O medo existe, mas a gente não pode deixar que seja maior que o nosso sonho de ver o país mudar, ver o país livre. Do jeito que está, não dá!

“Vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora não espera acontecer!”

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Feliz Ano Velho



Eu tenho que falar de 2012 porque foi um ano inusitado e feliz. Apesar de alguns momentos tristes como todos os outros anos. Resgatei alguns sentimentos. Revi pessoas. Algumas que pensei que jamais encontraria. Conheci em ritmo estonteantemente vertiginoso muitas. E graças a Deus, grande parte, imagino eu, de boa alma. Algumas invejavelmente divertidas. Outras indescritivelmente risonhas. Umas indiscutivelmente sábias. Outras simplesmente incríveis. E recuperei uma parte aqui dentro que me parecia perdida. Apresentei-me na frente de menos de duas dúzias e por pouco não falhei. Apresentei-me na frente de mais de duas centenas, tive êxito, reconhecimento e por muito explodi de satisfação. Recebi abraços e carinho. E palavras amigas. E muitos eu te amo. Dancei horrorosamente. Dancei lindamente também. Participei de minicoreografias ensaiadas. Participei de uma megacoreografia improvisada. Vi o sol nascer em um lugar maravilhoso. Deixei-me ser levada pela parada. Cantei em alto e bom som a música preferida. Indentifiquei-me pelos mais diferentes motivos com inúmeras estórias contadas (a partir dos mais diversos meios, formas e intuitos), escritas, na telinha, na telona, no jornal, na internet, nos muros. Emocionei-me. Recordei muitas coisas. Escrevi. Li mais livros do que no ano anterior. Mantive-me mais atenta e entusiasmada. Estabeleci contato com novas formas de se chegar a Deus. Fui vozes às vezes, mas fui em demasia ouvidos. Ri mais de mim. Ri muito, muito, muito. Permiti-me rir. Pois sei o quanto já chorei. Distribui cordialidade no Facebook. Não perdi a fé.


Muita luz nesse ano que se inicia. ;)

Um quarto


Eu imagino um quarto. Só meu. Abarrotado de livros. E repleto de imaginação. E estufado de esperança. Com uma promissora conjectura de futuro. E risos deliciosamente verdadeiros em demasia. Risos que fazem doer a barriga. E muitos abraços apertados. E alguma preguiça de quebra. E descanso amplamente satisfatório. E música boa de vez em quando. Quadros divertidos. Decoração exótica. Que seja a minha cara. Objetos de decoração fofos e ∕ou belos e∕ ou úteis. Algumas tardes de verão lá dentro. A maioria lá fora. Muitas noites de inverno lá dentro. Poucas lá fora. Máquina que me conecta com o mundo funcionando. Na maioria das vezes. Chão de madeira para esfriar quando quente e aquecer quando frio. O corpo e a alma. Materializo uma parede lilás. Gosto dessa cor. Só entra quem já entrou ou quem mereça entrar, também, em meu coração.