sábado, 31 de julho de 2010

Por que tudo é tão difícil?

Não pense que a igualdade para todos é algo que pode ser alcançado. Não mesmo. A exclusão é algo que sempre existirá justamente porque necessita ser mantida.
Para que uns desfrutem de conforto, é necessário que outros cortem um dobrado. Nada melhor do que a globalização para ratificar isso que afirmo:os ricos cada vez ficam mais ricos, e os pobres, bom, já se sabe, né?
Não era exatamente aludindo à péssima divisão de riquezas reinante no mundo que eu queria falar. Interesso-me em discursar sobre como é difícil nessa vida lutar para mudar a situação ruim que geralmente é a existente e quase fossilizada.
Assistia ao filme Última Parada 174, responsável por surtir em mim a já citada questão. Sandro, protagonista, luta até o fim para dar um rumo a sua vida, é claro, que nem sempre de da maneira mais correta, mas tenta retomar algum laço de amizade, amor, mas sempre é surpreendido por algum infortúnio. Desde o assassinato da sua mãe até a sua morte por asfixia praticada por policiais militares, ele passou por uma série de etapas dolorosas, tal qual a Chacina da Candelária, sendo um sobrevivente. Talvez, se não fosse a falta de solidariedade por parte de seus tios, que o receberam com má vontade e insensibilidade em sua casa, ele não tivesse fugido e virado um marginal. Interessante que o filme sempre demonstra a sua capacidade de ele ser bondoso com o próximo mesmo quando as circunstâncias indicam para não ser.
Devaneio sobre a potência homérica das pessoas em menosprezar, amolar, tachar, extorquir, humilhar, agredir outrem. Sandro tentou agarrar como pode as bordas do precipício, mas infelizmente a gravidade foi mais forte. Se mais mãos tivessem o puxado ao invés de ajudá-lo a empurrar, possivelmente tudo teria sido diferente.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobre mulheres e violência - Parte 1

Ser mulher, atualmente, no Brasil é risco de vida. Basta olhar o jornal, os noticiários da TV, as informações do rádio. Assim como afirmam psicólogos e estudiosos dos fenômenos violentos que acometem o sexo feminino, eles podem ser irremediáveis a ponto de fazer o objeto da ação perder o senso de dignidade e achar que o mundo não possui mais espaço para si.
Sofri algumas violências físicas, psicológicas, de cunho étnico e de cunho socioeconômico. Vi mulheres que amava e tinha como parâmetro para o meu carácter sofrerem do mesmo mal. Não é necessário que uma cena de estupro, por exemplo, seja materializada para ser considerada violência ou até, mesmo graves espancamentos. Ofensas, xingamentos, socos, injúrias, calúnias também se enquadram na categoria. Mas é a aí que reside o problema. Geralmente, não se sabe definir o que pode ou não ser denunciado. O que deve ou não. “Foi só uma briguinha de marido e mulher.Com alguns palavrões.Depois passa.”A partir daí, só piora: “Ah, vai me dizer que seu marido nunca te deu um soco em uma daquelas discussões?Não vale nem a pena denunciar.”.Não preciso nem mais explicar o que vem depois.
Por mais que haja denúncias, apesar de serem ínfimas em relação à quantidade de mulheres brutalizadas diariamente no país, ainda existe uma falta de preparação e rapidez no atendimento à vítima. Tanto que ultimamente divulgou-se o caso da cabeleireira Maria Islaine de Morais, assassinada em pleno horário de trabalho pelo ex-marido Fábio Soares, inconformado pela separação. Maria recorreu às autoridades cabíveis mais de oito vezes. Pouco foi feito.
O que aquilo coloco serve de certo modo como um desabafo. “Melhor vivo porque escrevo”. Também serve de alerta, encorajamento e conforto para outras que se vêem na situação ou possivelmente passarão pela mesma. Precisa-se cobrar mais dos dispositivos sociais resguardadores do bem-estar feminino, para que funcionem quando convier aumentar os debates a cerca do assunto, contribuindo, dessa forma, para uma consciência geral mais sadia a respeito dos direitos e deveres do sexo tão frágil nessa terra insana, e funcionando como um possibilitador de abolição de medos e obtenção de esclarecimentos.
Que se faça algo realmente de concreto em relação a essa questão, pois a população brasileira em peso padece e chora, visto que somos constituídos em sua maioria de mulheres. Não sejamos mais Isabellas, Patrícias, Sandras, Eloás, Elizas, Mércias e Marias.

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Decepção. Quando essa palavra surgiu de sua boca, foi como se uma fera tivesse abocanhado meu estômago. Um frio na barriga, um sentimento de desconforto me arrebatou.
Não posso te decepcionar. Não você. Não posso decepcionar a mim mesma sabendo que cheguei até aqui e nessas coisas mais básicas falharei.
Eu vou tentar, por você.
É um compromisso com tudo aquilo que você se sacrificou para me ver bem. Houve falhas, sim de ambas as partes. Mas existiram muitos acertos.
Sei que se estou bem você também está.Então, assim seja.