sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Medo

O medo se instaura na cidade. Durante o dia inteiro focos de ataque em diversos bairros. Há pouco capturaram dois terroristas com bombas químicas prestes a serem lançadas a qualquer hora, independente de quem seja os transeuntes nas ruas. O desejo é provocar um sentimento de pânico geral. Ontem, bandos gigantescos de marginais deslocaram-se de um quartel do crime em direção a área aliada vizinha, frente à investida de policiais para desmantelar suas máquinas lucrativas.
Recolho-me em casa com receio de que algo pior possa acontecer, no local onde eu moro, a meus familiares e amigos. Nos bairros onde moro e antigamente morava, ônibus foram queimados. As câmeras dos programas televisivos de noticiários flagram a fuga desenfreada dos inimigos da cidadania ao mesmo tempo em que moradores, entre os quais crianças e idosos, pedem paz.Eles acenam com panos brancos de suas janelas e varandas. A filmagem deve ser feita de helicóptero e mantida a certa distância, pois se sabe que caso contrário, é capaz do móvel sofrer algum atentado com granadas ou fuzis.
A descrição em certos momentos corresponde à da Faixa de Gaza. Mas é o Rio de Janeiro mesmo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Conexão África-Brasil


O post encontra-se um tanto atrasado.Não pensem que sou uma afrodescendente despreocupada com as nossas causas.É que ontem foi um dia cansativo para mim, mas tudo bem.Provavelmente, quando se fala em Dia da Consciência Negra, Zumbi, 21 de novembro, muitos irmãos de cor comentam em como os negros foram e ainda são excluídos socialmente, o quanto ainda é penoso para nós, tentar alcançar os mesmos direitos e padrões de vidas destinados predominantemente para os brancos. A discriminação que viemos sofrendo há séculos nesse país  e ainda é remanescente. Basta abrir uma revista famosa e perceber que muito das fotografias tiradas com modelos não apresentam negros, e blábláblá...
Quero, então, mudar um pouco a vertente comum dos assuntos quando se trata de negros brasileiros e aproveitar esse dia para exaltar a união África-Brasil, que dá orgulho pelos seus frutos, seus artistas, sua música, seus costumes.
Fico feliz em saber de pessoas engajam-se numa luta, que por vezes parece cega, todos os dias para preservar essa comunhão tão forte e que pouco notamos. Há pouco comprei o novo CD e DVD da Mart’nália, Mart’nália em África Ao Vivo e vi estampada em cada detalhe, desde a composição gráfica do DVD até a escolha das músicas do show, a sua preocupação em reforçar os laços com o continente pai e demonstrar a sua grande satisfação em ser afrobrasileira. Confesso o meu enorme agrado pelas músicas que misturam dialetos e ritmos tradicionalmente africanos. Infelizmente, não encontrei vídeos que mostrasse o show, mas o que pus dá pro gasto.Por mais que não se goste do estilo de música dela ou da pessoa em si, vale muito a pena ouvir e perceber a verdadeira poesia que repousa nessas canções, em especial Essa Mania.

Angola
"(...) Sou filha da Angola
Sou neta da bahia
Sou cria da poesia que vem das ondas do mar (...) "

Essa Mania (Rest la Mayola)
"(...)Por que a natureza do amor 
Está contida na beleza e na surpresa das manhãs 
Dias que parecem tão iguais
Mas de repente vem sinais de uma nova magia (...)"

Viva Zumbi!Viva a conexão África-Brasil!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Escolha o título.A confusão é tanta que desisti.

Lavo minhas mãos, e melhor, minha consciência. Depois do que saiu da boca da recém-eleita presidente do país, fico cada vez mais feliz com minha decisão de ter anulado o voto no segundo turno.
Dilma afirmou que a educação nacional vai muito bem e não encontra motivos para investimentos significativos nesse campo no seu próximo governo. Sua atenção estará voltada para questões como segurança, saúde e comprometimento, ops, crescimento.
Como já era de se esperar, garantirá a população mais desprivilegiada o pão de cada dia por meio da tão fomigerada bolsa miséria, quer dizer, famigerada bolsa família.
É incrível como muita gente deve concordar com ela em relação aos pontos nos quais o seu futuro mandato deve focar. Para que estudar se todo mês eu tenho um dinheiro facinho, cujo esforço para conseguí-lo não foi trabalhar fora, mas em casa, na cama, pois como todos sabem, a esmola conseguida pela via pública é proporcional a quantidade da prole gerada? Conseqüentemente, garantir-se-á os eleitores para a próxima eleição.
Ouvir um absurdo desses é uma ofensa aos ouvidos de qualquer cidadão que luta por um futuro melhor para si, sua família e para o país, mesmo que seja apenas tentando cumprir os estudos dirigidos de Histologia ou emitindo suas opiniões a respeito das coisas na blogosfera, como eu faço.
Eu sei que às vezes, é preciso muito mais do que isso (ou quase sempre), ir para rua, tocar o rebu, botar a boca no trombone, e votar certinho, não é mesmo pessoal?Só complica um pouco quando a gente não tem muito em quem votar, quer dizer, até tem, mas no final da contas dá no mesmo.
A frase de Roussef que define o Brasil com uma educação pra lá de boa é totalmente solapada com o exemplo do ENEM 2010. Todo mundo sabe a bandeira sem tamanho que o INEP deu, mais uma vez, esse ano. Antes da prova, tensão devido a quantidade de questões, local de prova dos candidatos, e, em cima da hora, à proibição do INEP em relação ao uso de qualquer tipo de material escolar que não fosse caneta esferográfica. No decorrer, questões faltando e repetidas, ordem das opções da folha de respostas trocadas, mais tensão. Após a prova, desespero em relação aos resultados, insatisfação no modo como a prova foi organizada e dirigida, revolta por parte de vários setores sociais, brigas judiciais para que a justiça seja feita em novo velho oeste chamado Brasil, e tensão novamente. Por fim, o ENEM continuou valendo.
E não é só isso. Ouvi dizer a respeito de um projeto de um célebre senador em vigorar esperanto nas grades curriculares das escolas nacionais. Tudo bem se a língua for encarada como uma matéria facultativa, agora, se for obrigatória só potencializará a evasão escolar que não é pouca. Seria realmente um sonho pensar em um idioma internacional sintético desvinculado do hegemonismo lingüístico anglo-saxão. Porém, existe um pequeno grande detalhe que faz toda a diferença: estamos no Brasil. Ainda, deve-se admitir a possibilidade de que seria uma perca de tempo e verba. A meninada já é notadamente desinteressada pela língua materna, imagina uma que é inventada.
 Mas sorte dela foi que proferiu essa piadinha sem graça antes do fracasso do ENEM desse ano, cuja repercussão foi bem grande. Se fosse depois, ela não teria ainda mais argumentos.
Depois dessas e outras, se eu fosse a futura “presidenta” ficaria caladinha da próxima vez quando alguém perguntasse a respeito da educação de nosso país.Se não quer gastar  nenhum esforço para alavancar a área educacional do país, péssimo, mas pelo menos não destile disparates em cima de nós.Não somos trouxas (ou somos?).
Finalizando, só queria pedir que vocês escolham o título ao seu gosto.Como pronunciei antes do post, a confusão é tanta que desisti.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Choque

Olha, esse mundo tá mesmo uma droga...
Quando pensei que havia mais do que duas ou três pessoas das quais devia me orgulhar em conhecer, tudo muda, falam algo, escrevem algo, ou sisplesmente não o fazem e aí eu repenso em rever meus conceitos.
Acabei de saber de um blogueiro cujo blog estimo muito que foi plageado.Que horror!
Se não tem nada para dizer ao mundo, simplesmente recolha-se à sua "descriatividade"...tem gente que precisa estar em destaque sempre, nem que seja passando a perna nos outros!Acho válido basear-se em uma idéia ou outra, mas copiar na cara de pau é dose!
E pior quando é o contrário:há aqueles que se acham importante o suficiente para os outros os copiarem descaradamente.Acusam os outros indiscriminadamente sem nem saberem a real situação.
Esses são tempos difíceis...

sábado, 31 de julho de 2010

Por que tudo é tão difícil?

Não pense que a igualdade para todos é algo que pode ser alcançado. Não mesmo. A exclusão é algo que sempre existirá justamente porque necessita ser mantida.
Para que uns desfrutem de conforto, é necessário que outros cortem um dobrado. Nada melhor do que a globalização para ratificar isso que afirmo:os ricos cada vez ficam mais ricos, e os pobres, bom, já se sabe, né?
Não era exatamente aludindo à péssima divisão de riquezas reinante no mundo que eu queria falar. Interesso-me em discursar sobre como é difícil nessa vida lutar para mudar a situação ruim que geralmente é a existente e quase fossilizada.
Assistia ao filme Última Parada 174, responsável por surtir em mim a já citada questão. Sandro, protagonista, luta até o fim para dar um rumo a sua vida, é claro, que nem sempre de da maneira mais correta, mas tenta retomar algum laço de amizade, amor, mas sempre é surpreendido por algum infortúnio. Desde o assassinato da sua mãe até a sua morte por asfixia praticada por policiais militares, ele passou por uma série de etapas dolorosas, tal qual a Chacina da Candelária, sendo um sobrevivente. Talvez, se não fosse a falta de solidariedade por parte de seus tios, que o receberam com má vontade e insensibilidade em sua casa, ele não tivesse fugido e virado um marginal. Interessante que o filme sempre demonstra a sua capacidade de ele ser bondoso com o próximo mesmo quando as circunstâncias indicam para não ser.
Devaneio sobre a potência homérica das pessoas em menosprezar, amolar, tachar, extorquir, humilhar, agredir outrem. Sandro tentou agarrar como pode as bordas do precipício, mas infelizmente a gravidade foi mais forte. Se mais mãos tivessem o puxado ao invés de ajudá-lo a empurrar, possivelmente tudo teria sido diferente.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobre mulheres e violência - Parte 1

Ser mulher, atualmente, no Brasil é risco de vida. Basta olhar o jornal, os noticiários da TV, as informações do rádio. Assim como afirmam psicólogos e estudiosos dos fenômenos violentos que acometem o sexo feminino, eles podem ser irremediáveis a ponto de fazer o objeto da ação perder o senso de dignidade e achar que o mundo não possui mais espaço para si.
Sofri algumas violências físicas, psicológicas, de cunho étnico e de cunho socioeconômico. Vi mulheres que amava e tinha como parâmetro para o meu carácter sofrerem do mesmo mal. Não é necessário que uma cena de estupro, por exemplo, seja materializada para ser considerada violência ou até, mesmo graves espancamentos. Ofensas, xingamentos, socos, injúrias, calúnias também se enquadram na categoria. Mas é a aí que reside o problema. Geralmente, não se sabe definir o que pode ou não ser denunciado. O que deve ou não. “Foi só uma briguinha de marido e mulher.Com alguns palavrões.Depois passa.”A partir daí, só piora: “Ah, vai me dizer que seu marido nunca te deu um soco em uma daquelas discussões?Não vale nem a pena denunciar.”.Não preciso nem mais explicar o que vem depois.
Por mais que haja denúncias, apesar de serem ínfimas em relação à quantidade de mulheres brutalizadas diariamente no país, ainda existe uma falta de preparação e rapidez no atendimento à vítima. Tanto que ultimamente divulgou-se o caso da cabeleireira Maria Islaine de Morais, assassinada em pleno horário de trabalho pelo ex-marido Fábio Soares, inconformado pela separação. Maria recorreu às autoridades cabíveis mais de oito vezes. Pouco foi feito.
O que aquilo coloco serve de certo modo como um desabafo. “Melhor vivo porque escrevo”. Também serve de alerta, encorajamento e conforto para outras que se vêem na situação ou possivelmente passarão pela mesma. Precisa-se cobrar mais dos dispositivos sociais resguardadores do bem-estar feminino, para que funcionem quando convier aumentar os debates a cerca do assunto, contribuindo, dessa forma, para uma consciência geral mais sadia a respeito dos direitos e deveres do sexo tão frágil nessa terra insana, e funcionando como um possibilitador de abolição de medos e obtenção de esclarecimentos.
Que se faça algo realmente de concreto em relação a essa questão, pois a população brasileira em peso padece e chora, visto que somos constituídos em sua maioria de mulheres. Não sejamos mais Isabellas, Patrícias, Sandras, Eloás, Elizas, Mércias e Marias.

...

Decepção. Quando essa palavra surgiu de sua boca, foi como se uma fera tivesse abocanhado meu estômago. Um frio na barriga, um sentimento de desconforto me arrebatou.
Não posso te decepcionar. Não você. Não posso decepcionar a mim mesma sabendo que cheguei até aqui e nessas coisas mais básicas falharei.
Eu vou tentar, por você.
É um compromisso com tudo aquilo que você se sacrificou para me ver bem. Houve falhas, sim de ambas as partes. Mas existiram muitos acertos.
Sei que se estou bem você também está.Então, assim seja.

sábado, 26 de junho de 2010

Uma imagem vale mais que mil palavras...

http://animadiseno.blogspot.com/2010/06/imagenes-de-buscando-nemo-2.html

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Agonia

Hoje eu me afogo. Melhorando: todo dia me afogo. Afogo-me em leituras incompletas (visto que atualmente você tem que ter leitura dinâmica e enfiar tudo que você vê pela frente goela abaixo), culpa de falta de exercícios físicos e três dias seguidos comendo macarrão, filmes que poderiam ser assistidos por mim, pessoas a quem eu poderia dar mais atenção,cursos de espanhol e inglês, pré-vestibular e concursos de faculdade(novamente),exames de rotina que já nem me lembro a última vez que os realizei, reflexões que insistem em preencher minha cabecinha e a faxina da casa, item indispensável para a manutenção da dignidade do lar...
E ainda devo melhores textos a esse bendito blog. Na verdade, idéias não me faltam. Tenho uma listinha de coisas sobre as quais gostaria de escrever e não sei por que motivo, não consigo transcrevê-las. Acho que falta de tempo aliado a enésimas atividades cotidianas e uma pitada de preguiça constituem a resposta.
Enquanto essas linhas se definem por arte das minhas mãos, sinto-me sufocada pela exigência de uma sociedade absurda, exigente do máximo( você tem de ser a Barbie ou o Giannechinni, dominar magistralmente o mandarim, russo, aramaico, posar com um carrão zero na garagem da sua casa ), ceifadora  dos meus olhos em função dos impostos e que me dá em troca uma educação medíocre, uma saúde pública na UTI, coitada, em vias das últimas.Ah, e de quebra, um bando de políticos tãããããão idôneos...Mostram-se extremamente corretos e preocupados com a população, visto que ao término de um “espetáculo” daqueles, fazem a gentileza de oferecer-nos uma bela “ pizza”.
A imagem que eu pus no topo do post serve bem para ilustrar a vontade corrente em mim quando me ponho a pensar sobre as exigências atuais, sobre o país que está longe de ser uma maravilha, mesmo com a retomada da atividade industrial após a crise mundial, o crescimento da importação e o aumento do poder aquisitivo dos habitantes.Sobre os contorcionismos executados para que a vida tão parca de tudo seja levada adiante.Que vontade de pular desse barco!Pular desse mar!Desse aquário?!

De um peixe fora d’água.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Desculpas e agradecimentos


Essas desculpas vão para aqueles que liam meus posts pelo conteúdo um pouco mais “cerebral” que eu tinha antes. Eu prometo que vou tomar vergonha e postar mais coisas sobre o que está acontecendo aí: sobre a crise na Europa, eleições 2010, meio ambiente...
É que sempre jorra poesia de mim e eu não consigo evitar.

(Daí vem uma voz e diz: que bom que você não consegue evitar).

E também gostaria de agradecer àqueles que ainda persistem em ler o blog da melodramática e pseudo-sabichona (nossa criei um neologismo agora – tá vendo como finjo ser sabichona?) que vos escreve.

Muito obrigada mesmo.
                                              

terça-feira, 18 de maio de 2010

Na tentativa

Eu prometo de hoje em diante não tentar ser mais tão “perfeitinha”, porque no final das contas aqueles com quem me deparo todos os dias estão longe de o ser. Eu também estou. Errei muito, tive meus acertos e errarei mais ainda.
Pra uma aspirante a perfeição como eu, dói quando se sabe que errou, quando se vê o erro, e, dói mais inexoravelmente quando outrem aponta o erro na sua cara.
 Mas é melhor errar mesmo, a gente tá na escola para isso e a vida não deixa de ser uma. Simplesmente eu sentia um grande incômodo quando estava na escola (acadêmica) e alguém falava, predominantemente os professores (predominantemente era uma palavra que não saia da boca da professora de Geografia do ginásio), quando algum aluno ria da suposta pergunta idiota do colega, que não existia pergunta idiota e que estávamos na escola para errar mesmo. O ruim era errar na vida.
Talvez o antigo incômodo surgisse porque, tacitamente, eu sabia que todos tínhamos o direito de errar e não era só na escola formal.
Eu prometo ser mais compreensiva. A gente prontamente se coloca na posição de algoz das pessoas sem nem examinar direito os motivos que levaram o outro a tomar tal atitude ou proferir tal palavra. Se tentas amar mais, fica mais fácil entender, aceitar, perdoar. Decepciona-se menos, já que as expectativas não são tão exacerbadas.
Precisa-se de mais compreensão no mundo e de gota em gota a gente enche a piscina. Tomando isso como verdade, farei a minha parte.
Deixarei de ser mais omissa também. Às vezes somos omissos porque assim é melhor. Melhor ficar a parte do que encarar os fatos como eles são, do que dizer algo a respeito de uma situação, dizer algo que possa tender para um vertente de opinião e isso pode te comprometer; ser omisso no agir.
Também não posso dizer que sou de todo uma megera. Eu melhorei. Faço uma perspectiva mental de tudo o que era e o que sou hoje e sei que melhorei muito. Amém. E quero continuar melhorando.
Quer saber? Não prometo fazer tudo isso. Prometo tentar. Porque o fazer não pode ser medido como leite ou farinha,separados para uma receita de bolo.O fazer é difícil  de se medir – nunca se sabe quando realmente se está melhorando.Mas é tentando que se acerta.Ou melhor , se erra.E errar, minha gente, é humano.

Randomia



isso já tá virando um vício
se for assim, então eu sou morna
me leva, eu quero...
que sensibilidade!
queria tanto um desses para mim!
Era uma bela carta...
Quando você virá?

Em forma de lágrima,
a tristeza escreve no papel
eu quero ter mais tempo para tudo
E pôr na cabeça que é possível sim...

Que é possível recomeçar...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Daninhas, casulos e realejo

Ao olhar o título desse post, você deve se perguntar porque diabos a insana dona desse blog juntou três palavras que não tem nada que ver uma com a outra.E eu te digo: dessa vez, caro leitor , não fui eu que decidi se combinava, mas sim Rosana Palazyan.A exposição dela reúne elementos à primeira vista impensáveis de serem análogos, contudo graças à sua abordagem, ganham papéis contíguos.
A arquiteta e ex-estudante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage restabeleceu à Casa França-Brasil uma das antigas funções do centro cultural  através de seu planejamento de ocupação e usufruto.Remontando aos tempos de que era uma praça de comércio e posteriormente uma alfândega, durante os quais circulavam uma grande quantidade de transeuntes, foi conferido ao estabelecimento maior possibilidade de integração das salas e liberdade aos visitantes, tipo de técnica conhecida como site especific art – a arte trabalhada para ressaltar as características e utilidades de um lugar.
A mostra possui quatro obras e reserva também um cômodo à parte para expor o processo de criação de Rosana por meio de anotações, fotos, xerox e recortes de jornais.A primeira chama-se O Realejo.Nesta seção utiliza-se uma vídeoinstalação que projeta imagens do senhor Antonio com o seu periquito, o qual retira do realejo mensagens proferidas por moradores de rua do Rio de Janeiro e de São Paulo entrevistados por Palazyan durante um trabalho com eles executado por ela a partir de meados dos anos 1990.O instrumento sonoro que não mais integra a paisagem urbana relembra a infância da artista, assim como traduz os anseios, pensamentos e preocupações da população desabrigada e pouco ouvida.
O Jardim das daninhas, constituído de plantas indesejadas que tomam as cercanias das espécies “normais”, foi maquinado com o intuito de surtir dúvidas e reflexões a respeito do que é ser daninha, uma vez que qualquer vegetal pode ser considerado dessa forma, bastando apenas estar em um ambiente errado. Estes conceitos se adéquam perfeitamente à realidade dos mendigos das grandes cidades, já que estes não são bem quistos e sim extirpados da sociedade.
Bordados de cabelo sobre tecidos e plantas daninhas dessecadas são os materiais básicos usados em Por que daninhas?.As madeixas em forma de raiz reproduzem frases definidoras dos inços de livros de astronomia.
A metamorfose da lagarta em borboleta se transmuta em metáfora para retratar a mudança para melhor da vidas dos moradores de rua na série No lugar do outro, baseada em relatos dos mesmos.Casulos de pano mostram-se pregados na parede e alguns já abertos apresentam desenhos das linhas das mãos de pessoas que reverteram o jogo, deixaram a situação de transparência e miséria da sarjeta para a dignidade.Tudo respira mudança.
Para montar a exibição, foram feitas pesquisas em livros de botânica e conversas com especialistas e aplicadas 13 mil mudas nos canteiros temporários da casa. Mais do que exageros em números, Rosana explodiu em suavidade e abstração para retratar assuntos delicados que assolam o cotidiano de muitos, costurando significados, oximoros e metáforas entre objetos e situações aparentemente desconexas.
Tive a sorte de apreciar, junto com outras pessoas que se situavam no local, uma explicação da exposição com a presença da própria Rosana Palazyan, sem nem ter sabido sobre a sua aparição naquele dia. Mera obra do acaso (ou seria do destino, do Ser...). Quer melhor?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Neonônimo

Eu sinto que devo mudar o nome do presente blog.Mas para qual? Aceito sugestões.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A catarse e a metamorfose

Quase que diariamente eu sofro catarses. A gente se policia tanto, se comprime pra dar em um espaço ocasional, mas vem uma situação inusitada e te alarga. Quando menos espero algo acontece. É incrível a capacidade que a vida tem de te pregar peças.

É alguém que aparece e que você não esperava. É uma pergunta que te penetra e você nem tinha escudo pra se defender. Uma opinião que você nunca pensara ser proferida logo naquela hora.

Sim. Pra mim isso são catarses. A catarse de Aristóteles, aquela que te faz por os males e os bens para fora. Tudo. Te faz repensar certas concepções que você pensou serem inabaláveis.É quase um vômito da alma.

E é engraçado que hoje eu presenciei uma exposição que tinha uma composição que expunha uma visão um pouco sobre metamorfose, sobre o ciclo de vida da borboleta, retratado de uma forma sutil, com cores pálidas, mas deixar sem de se vestir de uma verdade muito forte: mudança que é natural em todo ser vivo ou não-vivente, que acontece desde uma borboleta, mudança essa que é tão marcante e perceptível, até uma pedra, que sofre a erosão do tempo (tempo meteorológico que age dentro de um intervalo de tempo cronológico infinito) e que não estabelece uma transformação mais imediata.

Mas tenho consciência que essas tramas da vida são necessárias. Eu sei que na hora não acho tão oportuno, mas depois penso: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...” .Aí degluto novos pensamentos e opiniões, até que eu expurgue novamente aquilo que já não me serve.

Sejamos, então, senhores, metamorfoses ambulantes.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Hell de Janeiro

É inacreditável como uma cidade como o Rio de janeiro, uma das mais belas do mundo, ainda sofra com os estragos ocasionados pelas chuvas torrenciais ocorridas recentemente. Isso acontece há anos e nada tem sido feito desde sempre.
Troca-se de governantes, mas não se troca de atitude em relação aos problemas sofridos pelo carioca. Sabe-se que a região, naturalmente vítima de intempéries justamente por se situar em uma área de choque entre massas de ar, sofrerá eternamente impactos. Porém, não necessariamente esses impactos devem traduzir-se em mortes.
O que se vê é um descaso de todos que se converteu em barbaridades. Eu reitero: descaso de TODOS. Por parte do cidadão, que mesmo sabendo que não se deve jogar lixo em bueiros, na rua, em córregos e rios, insiste nesse ato sem se preocupar que da próxima vez pode ser ele que tenha os seus pertences perdidos, conseguidos com o esforço da luta diária. Pior é quando a consequência atinge quem cumpre o seu papel direitinho como cidadão. E por parte das autoridades eleitas por nós, que possuem ciência dos ciclos naturais que castigam a cidade e, no entanto continuam inertes diante da situação, apenas limitados a reparar os estragos que se repetem. Não adianta chamar a Comlurb para limpar a lama que toma as ruas nem o reboque para retirar os carros que se amontoam e obstruem o fluxo de veículos. Isso tudo são medidas paliativas. O correto é impor as medidas preventivas.
Todo esse redemoinho vem afligir a mente dos cariocas, como se não bastassem os causos já enfrentados, como a violência urbana, a crise do transporte e os buracos espalhados pelo calçamento.
Assim como existe uma grande mobilização das pessoas para se combater a dengue, através de publicidades intermitentes nos diversos meios de comunicação, visita de agentes sanitários nas residências e panfletos explicativos distribuídos em diversos lugares, urge em ser feito o mesmo para as enchentes e deslizamentos de terra: propaganda pesada para cima da população e programas escolares que incentivem uma postura civilizada das crianças, os ditos futuros cidadãos, assim como investimento em construção de moradias para aqueles que se encontram em área de risco ( atualmente, só se efetiva essa espécie de habitação quando se sucedem catástrofes;depois que tudo passa, volta à mesma).A limpeza dos canais de escoamento, que cabe ao Estado,  também não pode deixar de ser executada, com o devido acompanhamento feito pelos principais interessados,os habitantes do Rio.
Eu acompanhava a cobertura jornalística pela televisão dos lamentáveis acontecimentos e foi suscitada por um repórter mais ou menos a seguinte pergunta: "e o que acontecerá durante as Olimpíadas de 2016?”. Ação é a melhor palavra para eliminar essa pergunta e acabar com iminentes dúvidas. Os acontecimentos da natureza ninguém pode prever, porém a tomada de decisões que viabilizam um extraordinário megaevento são mais do que possíveis, são necessárias.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A falta



Faltou mais substância na sua subsistência
Pensei que houvesse mais comprometimento
na sua existência
Pelo jeito era puro fingimento

Faltou mais constância
de batalha diária para sua sobrevivência
Aquela gana, aquela ânsia
Que nada! Deve ter é demência

Pega esse sofrimento
transforma em alimento
para a força que tens aí dentro
Bota a tua Vida no centro

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sonho

Uma das coisas que mais gosto de fazer é sonhar.Infelizmente, não posso controlar a minha ação.Mas, pensando bem, aí reside a graça, pois se eu a controlasse, não se lapidariam anedotas tão interessantes quanto as que se erigem quando mergulho no mais profundo subconsciente .
Em virtude desses presentes mentais, transformo-me em bruxa, voadora por si só, sem a necessidade de uma vassoura turbinada como nos livros do célebre bruxinho adolescente.Viajo em um navio deslizante em gelo, circundado por uma paisagem nórdica recheada de coníferas altivas.Desenho um círculo de areia no chão e me teletransporto para os inalcançáveis mistérios da alma.
Enfrento a Corredeira dos Sofrimentos , desembocando, finalmente, no tranquilo Poção da Bonança.E lá, flutuo feito languida, ao fitar satisfatoriamente as quedas d'água que enfrentei até chegar aqui.
No meu mundo onírico, o que deveria ser pesadelo transmuta-se em aventura, acabando sempre quando o pior se inicia.Só pode ser fantasia mesmo, pois quando o pior se inicia de verdade, invento coragem para aguentá-lo.
Recebo gratificações de ilustres da literatura nacional por ter um bom desempenho.Três bombons são ouro vindos de Drummond.O meu professor predileto, pode ter certeza.Pena que é quando estou dormindo...
Depois que acordo, às vezes, armazeno o sonho tacitamente, não me dou o trabalho de contar.Outras, delicio-me com a revelação.
Entretanto, nem sempre me recordo dele, por mais esforço que eu faça.Antigamente era frustante, porém agora eu reconheço a sorte que tenho em me lembrar de alguns, numericamente ínfimos.Eles, que revitalizam a vida, aguçam a criatividade do ser, fenômenos representativos da boa atividade cerebral.Ao menos, ainda tenho boa atividade cerebral...
Por que os sonhos não viram relidade ou a minha realidade não vira um sonho? Seria ótimo tomar litros de sorvete sem engordar e acreditar que a totalidade dos homens se preocupam uns com os outros.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Enquanto não viramos picolés humanos

   Anteriormente de um programa que vi na TV( post anterior), com certeza não faria essa ressalva  agora. Considere o que estou  pedindo seja  para tentar auxiliar em um suposto aquescimento global, através da economia de energia de uma  forma extremamente simples.
   Instale no seu computador o Programa Black Pixel , criado pelo C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) em parceria com o Green Peace. É um aplicativo que mostra um quadrado preto enquanto está ativo, diminuindo no consumo de energia de 0,0057 Watts por hora.Ele ainda detecta quantos Watts foram economizados totalmente com o programa.O esperado é alcançar o número de um milhão de Watts poupados.
   Contribua com o meio ambiente sem sair de casa.Pelo menos enquanto não impera a era glacial...

Para saber mais e utilizar o programa:
http://www.greenpeaceblackpixel.org/#/pt
http://www.greenpeace.org/brasil/energia/noticias/black-pixel-contra-o-aquecimen

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poema-pílula( esse não é dos modernistas!)

Yin Yang

O humano ser
Vai sempre tentando
 encontar no outro aquilo que tem em excesso
Ou que percebe em si imensa falta
Ou é o ying ou o yang



Avatar

James Cameron nunca joga, ou melhor, nunca filma pra perder. Seu mais novo filme lançado no cinema, Avatar", vem arrebatando bilheterias em todos os lugares onde já foi exibido. Conquistou a marca de ser o quarto filme mais visto do mundo até agora.
O plano inicial do filme data de 1995, mas Cameron adiou as filmagens, pois naquela época não havia técnicas suficientes para que fosse executado. O longa ficou engavetado por um bom período, até 2004, quando o diretor decidiu investir a fundo.Alguns artifícios utilizados são inéditos no universo cinematográfico -  como a projeção dos movimentos feitos pelos atores  direto nos personagens virtuais em função da utilização de uma espécie de vestimenta que capta movimento - e a quantia destinada foi de aproximadamente 350 milhões, a maior cifra já vista neste tipo de empreitada, número que representa bem o estilo do criador de Titanic, acostumado com situações homéricas.
A história diz a respeito de um tempo no qual o nosso planeta água já não possui mais árvores.Os seres humanos, nunca desprovidos de ganância, resolvem explorar Pandora, um planeta que  possui riquezas a oferecer, algumas bastante lucrativas para a realidade humana, além de ser repleto de flora e fauna exóticas e é bravamente protegido pelos Na'vi, humanóides autóctones de aproximadamente três metros  e pele   azul luminescente.Para melhor ganhar a confiança dos habitantes cor de anil, cria-se  o Projeto Avatar, o qual consiste na criação de organismos detentores de um DNA misto de Na'vi e terrestres, os avatares,  para onde transporta-se  a consciência, personalidade e os impulsos nervosos dos exploradores .
Por seu irmão gêmeo ter sido morto em Pandora e pelo projeto ser dispendioso, o protagonista Jake Sully decide se aventurar pelas atmosfera irrespirável pandorense. Jake Sully, ex-fuzileiro naval paraplégico, acaba se infiltrando na comunidade nativa e tenta negociar a realocação dos indígenas Oimaticaya, já que o lugar onde eles estão radicados posiciona-se uma árvore gigante, a qual está fixada sobre um depósito enorme de um minério valioso na Terra.Os Navi não se deslocam a tempo, fazendo com que sua adorada àrvore seja derrubada pela Força Armada.Isso inicia uma guerra entre os povos de diferentes mundos.
Avatar esbanja efeitos especiais e é uma revolução do 3D no cinema, parecendo que se está no épico de tão grande que é a imersão no filme. Apesar do filme se apresentar um pouco arrastado, talvez pelo seu tamanho, e valer-se de alguns clichês, desenvolve-se por um enredo interessante, por mais que certos críticos o julguem "ecochato.
Afinal deve-se bater nessa tecla das degradações ambientais com o intuito de evitar que a fita vire realidade. O elenco parece afinado, transmitindo em todos os momentos um clima de cumplicidade.Um dos ganhos do filme é a mostra do  sentimento de liberdade e alegria que Sully vive quando vislumbra a possibilidade de locomover-se sem a cadeira de rodas.
É um mix de humor, aventura, leva uma pitada de drama e de quebra, amor. Assisti-lo é mais do que um alerta para o futuro que nos espera.



                                                                                                                      

Receita de ano novo





Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,


Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.