sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Medo

O medo se instaura na cidade. Durante o dia inteiro focos de ataque em diversos bairros. Há pouco capturaram dois terroristas com bombas químicas prestes a serem lançadas a qualquer hora, independente de quem seja os transeuntes nas ruas. O desejo é provocar um sentimento de pânico geral. Ontem, bandos gigantescos de marginais deslocaram-se de um quartel do crime em direção a área aliada vizinha, frente à investida de policiais para desmantelar suas máquinas lucrativas.
Recolho-me em casa com receio de que algo pior possa acontecer, no local onde eu moro, a meus familiares e amigos. Nos bairros onde moro e antigamente morava, ônibus foram queimados. As câmeras dos programas televisivos de noticiários flagram a fuga desenfreada dos inimigos da cidadania ao mesmo tempo em que moradores, entre os quais crianças e idosos, pedem paz.Eles acenam com panos brancos de suas janelas e varandas. A filmagem deve ser feita de helicóptero e mantida a certa distância, pois se sabe que caso contrário, é capaz do móvel sofrer algum atentado com granadas ou fuzis.
A descrição em certos momentos corresponde à da Faixa de Gaza. Mas é o Rio de Janeiro mesmo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Conexão África-Brasil


O post encontra-se um tanto atrasado.Não pensem que sou uma afrodescendente despreocupada com as nossas causas.É que ontem foi um dia cansativo para mim, mas tudo bem.Provavelmente, quando se fala em Dia da Consciência Negra, Zumbi, 21 de novembro, muitos irmãos de cor comentam em como os negros foram e ainda são excluídos socialmente, o quanto ainda é penoso para nós, tentar alcançar os mesmos direitos e padrões de vidas destinados predominantemente para os brancos. A discriminação que viemos sofrendo há séculos nesse país  e ainda é remanescente. Basta abrir uma revista famosa e perceber que muito das fotografias tiradas com modelos não apresentam negros, e blábláblá...
Quero, então, mudar um pouco a vertente comum dos assuntos quando se trata de negros brasileiros e aproveitar esse dia para exaltar a união África-Brasil, que dá orgulho pelos seus frutos, seus artistas, sua música, seus costumes.
Fico feliz em saber de pessoas engajam-se numa luta, que por vezes parece cega, todos os dias para preservar essa comunhão tão forte e que pouco notamos. Há pouco comprei o novo CD e DVD da Mart’nália, Mart’nália em África Ao Vivo e vi estampada em cada detalhe, desde a composição gráfica do DVD até a escolha das músicas do show, a sua preocupação em reforçar os laços com o continente pai e demonstrar a sua grande satisfação em ser afrobrasileira. Confesso o meu enorme agrado pelas músicas que misturam dialetos e ritmos tradicionalmente africanos. Infelizmente, não encontrei vídeos que mostrasse o show, mas o que pus dá pro gasto.Por mais que não se goste do estilo de música dela ou da pessoa em si, vale muito a pena ouvir e perceber a verdadeira poesia que repousa nessas canções, em especial Essa Mania.

Angola
"(...) Sou filha da Angola
Sou neta da bahia
Sou cria da poesia que vem das ondas do mar (...) "

Essa Mania (Rest la Mayola)
"(...)Por que a natureza do amor 
Está contida na beleza e na surpresa das manhãs 
Dias que parecem tão iguais
Mas de repente vem sinais de uma nova magia (...)"

Viva Zumbi!Viva a conexão África-Brasil!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Escolha o título.A confusão é tanta que desisti.

Lavo minhas mãos, e melhor, minha consciência. Depois do que saiu da boca da recém-eleita presidente do país, fico cada vez mais feliz com minha decisão de ter anulado o voto no segundo turno.
Dilma afirmou que a educação nacional vai muito bem e não encontra motivos para investimentos significativos nesse campo no seu próximo governo. Sua atenção estará voltada para questões como segurança, saúde e comprometimento, ops, crescimento.
Como já era de se esperar, garantirá a população mais desprivilegiada o pão de cada dia por meio da tão fomigerada bolsa miséria, quer dizer, famigerada bolsa família.
É incrível como muita gente deve concordar com ela em relação aos pontos nos quais o seu futuro mandato deve focar. Para que estudar se todo mês eu tenho um dinheiro facinho, cujo esforço para conseguí-lo não foi trabalhar fora, mas em casa, na cama, pois como todos sabem, a esmola conseguida pela via pública é proporcional a quantidade da prole gerada? Conseqüentemente, garantir-se-á os eleitores para a próxima eleição.
Ouvir um absurdo desses é uma ofensa aos ouvidos de qualquer cidadão que luta por um futuro melhor para si, sua família e para o país, mesmo que seja apenas tentando cumprir os estudos dirigidos de Histologia ou emitindo suas opiniões a respeito das coisas na blogosfera, como eu faço.
Eu sei que às vezes, é preciso muito mais do que isso (ou quase sempre), ir para rua, tocar o rebu, botar a boca no trombone, e votar certinho, não é mesmo pessoal?Só complica um pouco quando a gente não tem muito em quem votar, quer dizer, até tem, mas no final da contas dá no mesmo.
A frase de Roussef que define o Brasil com uma educação pra lá de boa é totalmente solapada com o exemplo do ENEM 2010. Todo mundo sabe a bandeira sem tamanho que o INEP deu, mais uma vez, esse ano. Antes da prova, tensão devido a quantidade de questões, local de prova dos candidatos, e, em cima da hora, à proibição do INEP em relação ao uso de qualquer tipo de material escolar que não fosse caneta esferográfica. No decorrer, questões faltando e repetidas, ordem das opções da folha de respostas trocadas, mais tensão. Após a prova, desespero em relação aos resultados, insatisfação no modo como a prova foi organizada e dirigida, revolta por parte de vários setores sociais, brigas judiciais para que a justiça seja feita em novo velho oeste chamado Brasil, e tensão novamente. Por fim, o ENEM continuou valendo.
E não é só isso. Ouvi dizer a respeito de um projeto de um célebre senador em vigorar esperanto nas grades curriculares das escolas nacionais. Tudo bem se a língua for encarada como uma matéria facultativa, agora, se for obrigatória só potencializará a evasão escolar que não é pouca. Seria realmente um sonho pensar em um idioma internacional sintético desvinculado do hegemonismo lingüístico anglo-saxão. Porém, existe um pequeno grande detalhe que faz toda a diferença: estamos no Brasil. Ainda, deve-se admitir a possibilidade de que seria uma perca de tempo e verba. A meninada já é notadamente desinteressada pela língua materna, imagina uma que é inventada.
 Mas sorte dela foi que proferiu essa piadinha sem graça antes do fracasso do ENEM desse ano, cuja repercussão foi bem grande. Se fosse depois, ela não teria ainda mais argumentos.
Depois dessas e outras, se eu fosse a futura “presidenta” ficaria caladinha da próxima vez quando alguém perguntasse a respeito da educação de nosso país.Se não quer gastar  nenhum esforço para alavancar a área educacional do país, péssimo, mas pelo menos não destile disparates em cima de nós.Não somos trouxas (ou somos?).
Finalizando, só queria pedir que vocês escolham o título ao seu gosto.Como pronunciei antes do post, a confusão é tanta que desisti.