" Mas não consigo tirar da cabeça o pesadelo da luz. Quando, então, cuspir no diabo para que ele pare de rondar a minha casa e vá dormir de uma vez por todas? A luz sempre ali, o tempo todo, sem descanso, o branco, a iluminação, a falta de sombra. Um sol quase eterno. Como se ninguém pudesse fazer nada escondido. O dia gigantesco, ardente, exaustivo. Como os habitantes desse lugar devem sonhar com a noite, com o descanso da escuridão. E pensei que me sentia tão indefesa quanto eles diante dessa luz que aponta sem piedade. Que acusa, que maltrata.
Puta que pariu.
Já virá a noite. Já virá."
"Não lamento ter sessenta e um anos. Quase diria o contrário: essa idade me deu quietude, uma nova quietude. O passado não importa já aconteceu. O futuro não existe.
Brindo então à única coisa que temos de verdade: o presente."
Marcela Serrano
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