Ser mulher, atualmente, no Brasil é risco de vida. Basta olhar o jornal, os noticiários da TV, as informações do rádio. Assim como afirmam psicólogos e estudiosos dos fenômenos violentos que acometem o sexo feminino, eles podem ser irremediáveis a ponto de fazer o objeto da ação perder o senso de dignidade e achar que o mundo não possui mais espaço para si.
Sofri algumas violências físicas, psicológicas, de cunho étnico e de cunho socioeconômico. Vi mulheres que amava e tinha como parâmetro para o meu carácter sofrerem do mesmo mal. Não é necessário que uma cena de estupro, por exemplo, seja materializada para ser considerada violência ou até, mesmo graves espancamentos. Ofensas, xingamentos, socos, injúrias, calúnias também se enquadram na categoria. Mas é a aí que reside o problema. Geralmente, não se sabe definir o que pode ou não ser denunciado. O que deve ou não. “Foi só uma briguinha de marido e mulher.Com alguns palavrões.Depois passa.”A partir daí, só piora: “Ah, vai me dizer que seu marido nunca te deu um soco em uma daquelas discussões?Não vale nem a pena denunciar.”.Não preciso nem mais explicar o que vem depois.
Por mais que haja denúncias, apesar de serem ínfimas em relação à quantidade de mulheres brutalizadas diariamente no país, ainda existe uma falta de preparação e rapidez no atendimento à vítima. Tanto que ultimamente divulgou-se o caso da cabeleireira Maria Islaine de Morais, assassinada em pleno horário de trabalho pelo ex-marido Fábio Soares, inconformado pela separação. Maria recorreu às autoridades cabíveis mais de oito vezes. Pouco foi feito.
O que aquilo coloco serve de certo modo como um desabafo. “Melhor vivo porque escrevo”. Também serve de alerta, encorajamento e conforto para outras que se vêem na situação ou possivelmente passarão pela mesma. Precisa-se cobrar mais dos dispositivos sociais resguardadores do bem-estar feminino, para que funcionem quando convier aumentar os debates a cerca do assunto, contribuindo, dessa forma, para uma consciência geral mais sadia a respeito dos direitos e deveres do sexo tão frágil nessa terra insana, e funcionando como um possibilitador de abolição de medos e obtenção de esclarecimentos.
Que se faça algo realmente de concreto em relação a essa questão, pois a população brasileira em peso padece e chora, visto que somos constituídos em sua maioria de mulheres. Não sejamos mais Isabellas, Patrícias, Sandras, Eloás, Elizas, Mércias e Marias.
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