Já estava mais do que na hora, eu como estudante universitária da rede pública de ensino, levantar a bandeira contra a demagogia e o cinismo dos nossos governantes. Cansada de morar perto da faculdade e pegar engarrafamento que já chegou a três horas, de levar minha mãe várias vezes para UPA e esperar o dia inteiro na fila, de ver minhas minguadas economias mensais irem pelo ralo em função do uso de transporte público de péssima qualidade, fora várias outras mazelas que todo mundo ta cansado de saber.
O que era para ser um protesto pacífico, e realmente foi por parte dos manifestantes, se tornou uma barbárie contra nós, representantes genuínos da voz do povo, que reclama da fila dos hospitais, do preço do tomate e da cebola no supermercado, do transporte público capenga e lotado. Policiais que mais pareciam robôs, de semblantes frios e inexpressivos, jogavam pelos ares bombas de efeito moral e moviam seus cacetetes a esmo, não se importando a quem iam atingir. Pude presenciar crianças saindo da Quinta da Boa Vista, junto a seus pais, chorando e tossindo em função dos gás lacrimogênio que impregnava todo canto. Dos cinco manifestantes que foram enquadrados pela polícia, pude ver dois sendo levados. Quando cheguei em casa, fiquei abismada de saber que várias pessoas tinham sido encurraladas na Quinta pelas forças policiais e que as câmeras da CET-Rio que monitoravam a área da manifestação tinham sido desligadas. Realmente é uma conspiração institucionalizada. Esse panorama me reportou ao filme V de vingança: uma sociedade acudada, engendrada em mecanismos proibitórios sufocantes, sem o real direito de expressão!
Isso tudo só me deu mais vontade de sair na rua e exigir nossos direitos! O medo existe, mas a gente não pode deixar que seja maior que o nosso sonho de ver o país mudar, ver o país livre. Do jeito que está, não dá!
“Vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora não espera acontecer!”
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